segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Feliz Ano Novo

Enfim o ano está acabando, velhinho de bengala. Em poucos dias vai morrer e nascer um Novo Ano.
Vamos acordar no primeiro dia do Novo Ano diferentes, com mais esperanças, mais amor e, com certeza, com uma boa ressaca.
Será que os votos e promessas que fazemos para mudar de vida, para sermos uma pessoa melhor, para esperarmos um mundo mais justo, menos guerras, menos medo, mais valores morais, mais amor, mais saúde são mesmo válidos só porque é Festa de Ano Novo.
É legal como nós ficamos envolvidos com as Festas de Fim de Ano e nos preparamos para um ano novo melhor e nos abraçamos, trocamos presentes e somos tão felizes na festa.
Mas algumas pessoas realmente param para pensar como foi o ano que está findando e como gostaria que fosse o novo ano.
Este pensamento é muito bom, medimos o que passamos, quantas vezes acertamos, quantas vezes erramos.
As vezes nem temos tempo de parar entre uma compra e outra, tantas celebrações, tantos amigos que não vemos o ano inteiro e nos congratulamos com um cervejinha, desejando tudo de bom para todos e voltamos para nossa vidinha acreditando que estamos todos renovados, e aquele tempinho para pensar um pouquinho, conversar um pouquinho com sua própria alma esquecemos dele.
Talvez este tempinho a sós seja um tempinho precioso que não costumamos usar durante o ano inteiro.
As Festas de Fim de Ano podem ser um incentivo para este papinho íntimo.
Este é o meu desejo de antes do Fim do Ano. Eu mesma gostaria de dar este tempo a mim mesma mais vezes, quase diariamente.
E é o que desejo a todos, desejo de Fim de Ano: Gaste um tempinho conversando com você mesmo.


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Jacaré

Ainda dedilhando por efeito da fratura no úmero - incrível como uma fratura no úmero quase no ombro se consolida e mantém o antebraço e o pulso semi incapacitados além do pobre cotovelo - mas
tenho uma mosquinha fazendo cócegas nos meus ouvidos que me manda escrever,  pensando em um dos nossos colegas de turma da Engenheiros-70, o Jacaré, que ora padece internado numa UTI.
Os Jacarés são muito unidos e estamos neste ano comemorando 45 anos de formatura e portanto bodas de ouro do nosso conhecimento, já que naquela época cada turma era realmente uma turma, todos juntos feito mosqueteiros, chegávamos e saíamos juntos num único ônibus da UFPE na descampada que era a universidade, ou tínhamos que andar até a Várzea para pegar um ônibus comum de retorno.
Eu entrei nas comemorações de formatura quando das festas e comecei a participar com mais vontade desde então.
É uma delícia o reencontro - as mudanças, o reconhecimento, as brincadeiras.
Não conheço uma turma que saiba comemorar melhor do que a dos Jacarés e agora estanos todos numa corrente pelo nosso amigo doente.
Alguns já se foram. Não se sabe quantos estarão na festa de 50 anos, e assim não devíamos perder
um só instante destes momentos que são tão rejuvenescedores em que brincando nos sentimos perenes.
Acho que o novo sistema de créditos usado pelas universidades, acabou com o encantamento do sistema anterior quando todos juntos entrávamos na Escola de Engenharia, orgulhosamente na época, e permanecíamos juntos por longos 5 anos de estudos e trabalhos recheados de outras atividades, 5 longos anos que hoje considero que foram tão curtos.
Ser Jacaré pra mim é um grande orgulho, ter feito parte de uma turma que até hoje se mantém unida, amiga, comemorativa.
A continuidade destes encontros a cada ano nos dea novo fôlego e acho que somos um bom exemplo para nossos filhos e netos, muitas vezes presentes nas festas.
Que o nosso desejo de recuperação chegue até o amigo e lhe dê forças para uma rápida recuperação.
Estamos com você, JACARÉ.


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Dia do Poeta



A lua está quase cheia
é saudade
saudade que é  lapiseira e trago nas mãos.
Escrevo,
lembro o fogo que já me tomou
que me deixou trêmula
banhada em delírios
meus olhos em farol alto!
E a lua quase cheia
foi o voo que me levou
às estrelas dos meus planetas!
Meu sonho vagando na linha do horizonte
onde o céu se confunde com o mar,
e a dor com o amor!
Saudade é olhar nestas estrelas
sorrir sem saber por quê;
Deixar que uma lágrima
seja beijo em meu rosto,
Lembrando a saudade
uma pequena lapiseira azul 
nas minhas mãos!
A lua está quase cheia

escrevo...


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Volto Dedilhando

Volto dedilhando com um só braço ativo.
Um minuto que passa e o mundo desaba
Revirada na vida, sem respeito, sem licença
Uma queda, caí, quebrou...
É a sina da dor...
Fratura assim sem razåo,
Doi a fratura que quebra
Doi o braço fraturado
Doi o ombro que segura o braço
Doi o corpo que segura o ombro
Doi a cabeça que pensa na queda
e no que vem depois da queda,
que rompe o caminho, muda o amanhã,
eu que não posso perder mais tempo...
Consola o carinho de quem me acolhe,
os cuidados, uma fruta, um chocolate,
curativos para a dor física, afagos para o coração.
Gratidão é como posso retribuir,
porque carinho, amor, compreensão
não tem preço!
Este instante atrevido, me joga pra trås
e eu, tolamente, tento sorrir.
Volto pra minha Torre da Boa Vista,
Volto dedilhando, busco refúgio
Chego eu numa encruzilhada,
Onde abrigo meu coração...
Deus, que caminhos foram estes por onde andei,
que plantas cultivei, os frutos, as flores...
Eu caí, não quis cair, mas caí,
Será que quem me viu cair
Sofre mais  do que quem cai?
eu que caí e não queria cair
e quebrei meu braço de cristal?
Devo pedir desculpas porque caí.
Peço desculpas por minhas fraquezas.
Afinal tenho sorte, só quebrei um braço....




quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Amor, amante.

O amor que quis vestida de Cinderela, 
tule de estrelas faiscantes, 
amor que despertou,
desabrochou em botão, 
abrindo suas pétalas,  
num misto de fantasia
fonte de oxigênio,
regado como rara orquídea, 
rumo e razão de existência, 
o amor puro, pleno, 
amor paixão, denso, sensual, 
as vezes devasso, 
sempre intenso; 
amor buscado, 
as vezes encontrado.

Eu,  a deusa do amor, prenha de vida, 
Deusa, porque o amor é mulher, 
uma mulher tão insensata! 

Feminina como a natureza, a Terra, Gaia, 
a vida, a morte, 
a fertilidade, a masculinidade. 

Deusa mulher, com peitos de leite, 
   ventre livre, talvez prenho
deusa mulher como a eternidade, a paixão, a inteligência, 
a crença, a fé, as flores, as cores, as dores, a saudade, a musa! 

O amor de paz, estado de espírito, conforto interno! 
O amor de paixão, de entrega!
 Amor, Amante!

Assim estive 
ou estou
e estarei
como nos braços de um anjo, 

para o amor amante imaculado!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A História de Doca

Canto em prosa e verso contos que quero contar,
Pois que alguns pediram no Zap-Zap histórias pra rememorar
Os meus segredos eu não conto, mas conto fatos e casos
Personagens que nem vi passar mas muito ouvi contar!
Os nomes não sei dar, mas este conto eu vou contar
porque para o livro dos Marques este conto deverá constar! 
É um  conto que me foi contado de fonte bem verdadeira 
que já ouviu de outra fonte 
que disse que viu o fato com os próprios olhos 
que um dia a terra há de comer!
Se o caso se passou assim,  assim como vou contar
Eu não sei!
Só sei que foi assim que ouvi, 
então foi assim que aconteceu!
Vou contar a história de Doca, 
uma mocinha moradora de uma vila num interior qualquer.
E como qualquer outra vila, tinha uma praça, 
uma rua de comércio, e um casario distribuído, 
entrando pelos matos onde a vila se alojava.
Doca, dona de rara beleza, prendada, de boa família
era a moça mais desejada dos mocinhos que ali moravam.
Mas Doca passeava na praça, 
olhava p’ra um e p’ra outro 
e não se agradava de nenhum,
certa que um dia encontraria um moço com mais vigor,
que lhe desse os desejos, vestidos e badulaques 
quem sabe até umas jóias.
E Doca esperava, esperava por este moço 
que um dia haveria de chegar!
E o dia, que começou como qualquer dia, 
surgiu na vila um cavalheiro muito elegante, 
com muita pompade nome esquisito, Seu Rufino, 
vindo da capital,  
mais velho, comerciante, um pouco barrigudo,  
um bigode de pontas finas,  
o cabelo de brilhantina.
Logo o sujeito viu Doca passeando brejeira
E na hora decidiu que era uma moça casamenteira .
E assim foi!
Casamento com festança 
a vila toda compareceu 
comida, bebida e muita dança.
Doca estava agora casada, 
morando numa linda casa  um pouco mais para o mato 
saindo só de carroça p’ra na Vila passear.
Primeiro Seu Rufino aos domingos 
deixava a Doca a passear com as amigas da praça  
desfilando sua beleza.
Logo Seu Rufino com ciúmes,
olhando os olhares dos outros, 
ordenou que Doca nunca mais iria à praça assim sozinha: 
  “Só de braço com ele”.
E assim se fez.
Mas, Seu Rufino percebeu que, 
mesmo ao lado dele,
a Doca era olhada e viu inveja nos olhos dos moços.
Seu Rufino bufou. 
     "A Doca era sua, só sua!"
Gritou e gritou com a pobre Doca,
e trancou de corrente e cadeado
todas as boas roupas de Doca
para que ela andasse 
assim, como uma marmota.
Mas mesmo marmota Doca continuava linda
e os olhares continuavam!
Seu Rufino bufava e bufava.
Duas vezes bufava!
Até que Seu Rufino se arretou, 
com a besta na barriga, levou Doca pelos braços...
Prendeu a linda Doca na casa, 
cadeados na porta e no portão! 
cadeados nas janelas!
E Doca coitada, passava o dia trancada  
sem seus batons, sem seus vestidos,
olhando-se desgostosa no grande espelho da casa.
Alegria só quando Seu Rufino resolvia convidar, aqui, acolá
uns amigos para almoçar as delícias  que ela na cozinha, 
preparava com mãos de fada.
Um ou outro convidado arriscando uma olhada
para a linda Doca na cozinha.
E num domingo qualquer
Seu Rufino convidou amigos
para uma buchada bem farta
    de bode, é claro 
regada de muita cachaça.
Seu Rufino e os amigos comeram,
 beberam,  
se fartaram até que  os amigos, 
quase caídos de muita cachaça.         
se foram, deixando Doca e seu marido        
sozinhos na triste cozinha.
Mas Seu Rufino continuou, 
tomou mais uma birita,
comeu mais uma tripa!
E, epa, de repente aconteceu:  
para o susto de Doca,
Seu Rufino, gordo como um porco
deu um arroto bem forte
e caiu no chão como um saco, morto!
Mas morto, mortinho mesmo.
Doca gritou e gritou tanto
que os amigos ouviram e voltaram e se assustaram
O pobre Seu Rufino esparramado
E o Doutor disse;
"Está morto, mortinho mesmo..."
Doca chorava, chorava, vestiu-se de preto,
enquanto os amigos cuidaram do morto, 
e, como era domingo, a funerária fechada,
botaram o morto estirado na mesa,
vestido de paletó e gravata,
enorme na sua morte morrida tão de repente.
Doca sentou-se ao lado chorando, chorando...
E quando a noite chegou, a viúva desesperada
chamou os amigos e, muito chorosa, pediu
que todos fossem p’ra casa 
"eu preciso ficar só eu e meu querido marido,        
    minha última noite" dizia chorando.        
      "ele está morto, mortinho mesmo 
     eu preciso ficar com ele quero me despedir dele, 
que está tão morto, mortinho mesmo!!"
Os amigos aceitaram e foram p’ras suas casas
deixando a viúva sozinha, 
afinal era um último  pedido.
Mas, dois ou três deles,
com medo de que Doca que tanto chorava 
fizesse uma besteira ,
ou porque eram mesmo uns bisbilhoteiros,
esconderam-se no jardim para espiar, 
espiar!
Espiaram e viram tudinho,
         tudinho mesmo;
Primeiro Doca procurou  as chaves  
de todos os cadeados.
Abriu seus baus e gavetas
Tirou o vestido preto,
Tomou um banho demorado, 
banhando-se em água de cheiro,
vestiu-se como para um baile mais 
inda do que nunca!
Muitas velas acendeu na mesa do Seu Rufino.
Depois trouxe as correntes e cadeados, 
amarrou os pés do morto,  
      bem juntinhos,       
passando o cadeado pelas correntes
depois escondendo as corrente  por baixo das calças.
Feito isso, jogou os cadeados nos bolsos das roupas do morto
e ainda arranjou mais correntes que arrumou 
dentro das roupas do morto que estava tão morto.
P’ra que Seu Rufino, pesasse e pesasse, 
como boi, morto, mortinho mesmo!
Satisfeita Doca sacudiu as saias 
abanou-se com seu leque,  
tomou -se de pose  e parou na frente do morto!
Apontou-lhe o dedo e começou sua despedida: 
"Estais morto, desgraçado, 
    morto, mortinho mesmo! 
E vai aqui minha despedida! 
    Seu cabra safado! Tu te lembras dos teus cadeados? 
      Leva-os contigo para terra que te vai comer! 
      Nunca mais vais me trancar! 
    Estais aí morto, mortinho mesmo, 
         E eu???   
estou bem aliviada, estou bem aliviada, estou bem aliviada.."
Doca dançava, requebrando os quadris,  
gozando na sua beleza  
do morto ali deitado pesado como um boi.
E Doca continuava: 
   "Tu morreste e eu te acorrentei as pernas 
     Tu vais queimar amarrado! E eu???  
     estou bem aliviada, 
               estou bem aliviada, estou bem aliviada..."
"Lembras de como me tratavas?Lembras das vezes que me batestes?
Estais morto, mortinho mesmo!
    E eu???  
     estou bem aliviada, estou bem aliviada, estou bem aliviada"
"Gordo sujo,
   Vai arrotar debaixo da terra!
 E eu???  
      estou bem aliviada,
          estou bem aliviada, 
          estou bem aliviada..."
Dizem que Doca dançou e se refestelou livre, 
aliviada,  viuva,  alegre, dançou por toda a noite!
E ao amanhecer, ela abriu as portas vestida de negro, 
o rosto coberto com um véu olhos fundos, nariz de choro.
Uma triste viúva acompanhando o velório, ... chorando...
E chorando enterrou o morto que estava muito morto mesmo.
Dias depois Doca desapareceu da vila.
Dizem por aí que a mesma se encantou livre, 
      daçando e cantando
atrás de um grupo de teatro mambembe.
E assim terminou a história de Doca
porque o que aconteceu depois
ninguem mais sabe!!!!
Nem me contaram!!!!












terça-feira, 1 de setembro de 2015

Acordando na nova Torre

Saí da minha nova Torre, deixando pra trás minhas músicas pra me abrigar noutra torre diante do mar, junto da minha irmã querida Ana Lucia.
Música nesta Torre não é problema porque a música mora aqui e daqui se espalha pela cidade, Estado, Brasil e o resto do mundo.
Não é por corujice não, mas aqui a música reina, mas quem reina a música é a rainha desta Torre, Ana Lucia, ou talvez, sejam outras damas...
O dia começou delicioso, um fresquinho me acarinhando aos primeiros passos do sol; em sonho tinha nas mãos um
lindo cachorrinho e neste sonho eu alisava seus pelos macios. Com o acordar lento, esta maciez em meus dedos passou a ser mais áspera enquanto no rosto senti o início de um beijo quente com um bafo diferente. A bela Olívia,  carinhosamente me acordava cheirando, rosto com rosto, enquanto que a cena era completada pela companheira da bela Olívia, a querida Zeena, carinhosa mais um tanto desastrada, já querendo compartilhar a cama comigo, o peso das suas patas  me tirando do sono de forma mais rápida. 
Sim, eu sei que nem todos vocês sabem quem são as garotas Olívia e Zeena.
Antes que me perguntem, que sei perguntarão gentilmente, por certo já  quero evitar tamanha falta de jeito
dizer que não sabem quem são Olívia e Zeena;
Pois que cachorras são
cachorras de muito estilo
estilo assim de madame
que cachorras não podem ter
mas estas duas cachorras
só são chamadas cachorras 
por falta de outros termos
pra falar de tanta nobreza
de quem as visitas recebem
com saltos de boas-vinda
lambendo com todo respeito.
Vindas de alta linhagem
tratadas como merecem
as duas cachorras 
duas madames,
mostram de fato o que são
pois quem de fato manda
não é patrão nem patroa,
mas sim a mais atrevida
das cachorras estilosas
Zeena com toda certeza
Manda e desmanda na cama
Dona que é por direito,
Adquirido no jeitinho
que só as cachorras tem
Vão aos poucos assumindo
Com astúcia bem pensada
O comando da casa
Fingindo que obedecem
Fazem o que bem entendem
Abanando o rabinho
Vão assim enrolando
Lambendo e brincando
Posso assim resumir
As duas fagueiras madames
 Olívia e Zeena Altino Garcia.
Depois de assim apresentadas mostro as citadas damas,  pois se contei o fato preciso mostrar de fato.







terça-feira, 25 de agosto de 2015

Inquietação

Como é linda a natureza que se adequa a mudanças drásticas dos mais vários tipos.
Como é forte a natureza humana que se adequa às mudanças, sejam mudanças no estilo de vida, mudanças físicas, mudanças emocionais.
Não diria que esta força e capacidade de adequação é fácil  porque se eu achasse fácil não falava em força.
São tantas as voltas que girei na minha vida, por vontade própria ou impostas por fatores externos.
Acho que vivi demais e muito apaixonadamente a cada momento fosse um momento de alegria ou um momento de dor.
A infância feliz ceifada aos 11 anos, naquele momento tormentoso, penso que nele minha alminha de criança se transformou e toda a minha vida mudou de rumo.
Foi apenas a primeira grande mudança que exigiu intenso esforço emocional para minha adequação à nova vida.
Lembro que na adolescência meu mundo se pousou na convivência quase diária com os primos.
Era um tempo em que os menores podiam ficar brincando nas ruas, não havia violência, os adultos olhavam vez por outra, não havia psicologia infantil, eu me senti dona do meu nariz, jogando futebol de goleira, férias inesquecíveis nas praias e na rua em que morava onde os primos se reuniam.
Os primos da minha geração foram o suporte do meu desalento.
Foi um estágio muito importante na minha vida, quando descobri esta minha alma inquieta e
apaixonada, ali nasceu minha nova alma, expansiva, alegre, aventureira, mas escondendo sentimentos numa caixa fechada sem portas.
Acho que amei tanto, com tanta paixão, que as vezes pensava que não tinha mais paixão para amar.
Engano tolo, sempre há paixão para se apaixonar, sempre há mais um objetivo, mais um desejo, mais um amor, e sempre lá estava minha alma calmamente entregue a mais uma paixão, coisa que até hoje é o que me faz viver.
É isto. Tenho uma alma assim inquieta, apaixonada,  que não se cala por nada e sempre cutuca meu coração, minha mente e enfia em mim mais um motivo para estar apaixonada.
Mesmo este blog tem paixão, as vezes não declarada, as vezes descaradamente declarada, ou se esta paixão ainda não pareceu ser tão forte é porque não estou explorando muito o blog prosa e verso.
Entreguei paixão aos meus trabalhos, aos meus amores, a minha família, fui movida por esta inquietação, e ainda hoje, quase aos setenta, só este fervor esquenta a esperança e me dá forças para a nova mudança que se estabeleceu a minha vida.
Enquanto a razão física não me abandonar, meu coração, com ou sem razão, estará ativo criando paixões no meu pequeno e imenso mundo em que tranco minhas lembranças.
Eu desnudo minha alma nos meus versos, nos contos que ainda não foram publicados, mas escrever sempre foi para mim uma grande paixão, a qualquer momento, a qualquer sentimento.
Quando não for mais capaz de me apaixonar, eu perderei a esperança e entregarei a alma inquieta ao infinito desconhecido.




segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Dia da Infância

Recebi uma mensagem pelo Facebook lembrando que hoje é o Dia da Infância. Dia de relembrar os tempos em que tudo era brincar. Eu nem sabia que este dia especial para lembrar a infância existia,
mas foi bom saber. Nem sempre a gente tem tempo ou se lembra de lembrar da infância. E se o Dia da Infância não foi criado para lembrar a nossa infância, me desculpem, eu quero entender que aproveito para dizer da minha infância.
Lembro a infância como um tempo de ouro, muitas brincadeiras, algumas briguinhas, muito carinho, poucos castigos, muitas obrigações e muitos brinquedos.
Lembro que me enrolava em sonhos, dançava no quintal, me escondia dos fogos de São João.
Lembro uma infância feliz, sem ranços, que durou 11 anos de plenitude.
Por esta infância feliz sou muito grata aos meus pais que me deram este conforto de lembrar da minha infância como tempos de ouro.
Meu Pai era o Senhor das brincadeiras, o Doutor das bonecas, não rejeitava um carinho, sempre tinha uma brincadeira nova para as Trianas.
Minha Mãe mais austera se ocupava das obrigações, dos cuidados, dos remédios e, de vez em quando de uns beliscões que não machucavam, além dos carinhos maternais.
Esta infância feliz foi também presenteada pela presença dos meus Avós, Tios e muitos Primos queridos, os encontros, as brincadeiras e o convívio tão frequente que criaram laços de amor e de união que nunca serão desatados.
Hoje é o Dia da Infância, dia de lembrar a minha infância que foi muito bonita e privilegiada pela família que me criou.
Para mim durou 11 anos, quando a vida do meu Pai foi tão prematuramente ceifada levando com ela minha infância feliz.
Se a pergunta fica para mim como lembro minha infância, não posso negar, lembro como o privilégio de ter sido amada, ou me sentido amada.
Lembro as trelas também e de depois ter que escrever 100 vezes "Não devo fazer ....".
Lembro de passear no Aeroporto com Papai pelo simples prazer de admirar aviões. Imaginem admirando um DC3 e depois o Constellation!
Lembro de passear no Cais do Porto, vendo navios gigantescos, e depois tomar o mais famoso Leite Maltado da cidade do qual sinto imensa saudade.
Do hot-dog que, na época só tinha na casa da minha avó paterna com salsicha inteira comprada na Casa dos Frios.
E de assistir a passeata de 7 de setembro da varanda do antigo Grande Hotel e de lá também admirar
os movimentos da Ponte Giratória, esta absurdamente perdida pelos desmandos da modernidade.
A este Dia e à pergunta "como lembro minha infância", respondo para minha prima Maria Beatriz que sendo quem lembrou o Dia e quem foi fiel companheira e testemunha dos feitos e desfeitos,  merece uma resposta; fomos muito felizes.
Sim, Maria Beatriz, minha infância foi uma época de ouro!


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O Povo Grita

O povo brasileiro deu ontem um espetáculo; uma manifestação pacífica espalhando-se por quase todos os Estados, 300 cidades envolvidas, em clima de harmonia, todos lutando pelo mesmo objetivo:
acabar coma corrupação desvairada que rola no Planalto.
Foi um ama manifestação linda, as ruas e avenidas pintadas de verde e amarelo pelo povo;
inúmeras faixas e catazes, cantos e gritos em uníssono.
Uma das faixas que foi publicada no Facebook é, talvez, a mais importante e para mim bastante significativa. Dirigida aos Deputados e Senadores a faixa anunciava: "Deputados e Senadores: se não tirarem a quadrilha, não reelegeremos vocês".
Ótimo aviso, afinal são eles que precisam limpar a sujeira se é que ainda existe políticos de mãos limpas.
Esta manisfestação me fez orgulhosa do povo brasileiro, só ainda não sabemos a resposta do Planalto.
Não sabemos se haverá um gesto de entendimento e reconhecimento público de que o Brasil está afundando e caminhando para trás feito caranguejo.
Nós estamos sofrendo as consequências do desmando e estamos pagando uma conta muito alta.
Enfim; Viva o Brasil!!!





domingo, 16 de agosto de 2015

Domingo, 16 de agosto de 2015

Há semanas que um clima de protesto cresce entre o povo. A cada pessoa que pergunto está lá estampado na face, nos dizeres, um repudio a este comportamento criminoso dos governantes do nosso País.
Este País enorme, de proporções continentais, entregue nas mãos mais desastrosas, vem encolhendo,
vem sendo esmagado por uma política sem compromisso com o Estado, sem respeito ao cidadão.
Violência, educação, saúde, moradia, nós, o povo, pagando a conta de ladrões que se esparramam em jatinhos e champagne as custas da Petrobrás, das pontes e viadutos que não foram construídos, das Arenas da Copa que não trouxe benefícios para o povo, as custas da saúde, dos hospitais, da falta de todas as necessidades básicas da população.
Que País é este em que vivemos e até amamos, mas que em nós faz crescer a vontade de ir embora, porque não se vê uma saída confiável.
Onde estamos que não podemos andar pelas ruas sem medo de facadas, onde os jornais só mostram os desmandos dos ladrões desavergonhados que tomaram o poder enganando o povo. O povo que acreditava num partido do povo, para o povo e pelo povo.
E o que aconteceu com este lema? O poder, o dinheiro corrompeu os ideais, ou o golpe já estava previsto, combinado e planejado.
Será que hoje o clamor do povo vai ser ouvido?
Será que este dia de agosto entrará para a história?
Haverá um dia que entre para a história por ter derrubado o mais desonesto Governo que este País já se obrigou a aceitar?
Vamos esperar que haja um mínino de vergonha na cara e estes ladrões sejam presos, devolvam o dinheiro que roubaram, sejam humilhados pelas algemas que eles merecem.
Estes Governantes corruptos e corruptores espalhados por todo o País leva um fardo imenso nas costas, muitas mortes por falta de médicos, desnutrição, deseducação, violência, pela falta do dinheiro roubado até de merendas escolares.
Esta situação faz o Brasileiro ter vergonha de ser Brasileiro, achincalhado pelas notícias internacionais que mostram a canalhice de tantos e os bilhões retirados dos cofres públicos.
Nós não queremos esta vergonha.
Queremos bater no peito e cantar "Sou Brasileiro, com muito Orgulho".
Que o 16 de agosto de 2015 entre para história deste País.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Uma Nova Vida

Receber um diagnóstico de uma doença autoimune como a Síndrome de Sjögren, SJS, apesar de ser um alívio imediato porque encontrou um diagnóstico, este alívio aos poucos vem trazendo uma nova realidade.
Uma doença autoimune, crônica, evolutiva traz com ela um novo mundo de ansiedades, de desentendimentos e desencontros.
Você não tem uma doença visível aos olhos dos que lhe rodeiam. Muitos não conseguem perceber a dor que você está sentindo e o esforço que está fazendo para disfarçar porque você se sente frustrado por não acompanhar o ânimo dos outros e parecer mais ou menos um fardo.
Então, você recebeu este diagnóstico, ficou aliviada; passada a euforia o diagnóstico começa a queimar nas suas mãos.
É necessário muito esforço para se adaptar a uma nova vida, com limitações, algumas muito difíceis de aceitação, você não se reconhece mais, não é aquela pessoa que você já foi e, se você já é idosa, sabe que a doença vai acelerar o envelhecimento.
Para mim aquele eu morreu, não existe mais, eu sou diferente, minha vida deu uma revirada ou foi descontinuada para ser recomeçada de outra forma.
O luto de si própria foi mais doloroso porque é um processo solitário, isolado, íntimo, só você que está sentindo conhece. É doloroso, mas necessário. Este luto vem depois de muitas outras aflições.
Inicialmente você nega, simplesmente nega.
Depois você tem raiva, tenta não ver os sintomas.
Tem uma imensa aflição que pode levar a uma depressão que precisa ser controlada, porque a depressão vai lhe afundar muuito mais.
Depois de reconhecer a mudança que sofreu e chorou o luto, vem a aceitação.
Aceitação quando você enfrenta de frente o medo do futuro e as aflições que poderão surgir. Esta aceitação traz conforto. Você sabe o que vai enfrentar.
Acho que todos que tem doenças autoimune passam por estes sentimentos de alguma forma.
A aceitação que traz conforto não significa abrir os braços para a doença e deixar -se ser levada pelos altos e baixos sem guerra.
Aceitação significa conhecer os impactos da doença na sua vida, na minha vida, procurar novos talentos, novos comportamentos, encontrar formas de driblar as limitações, esquecer frustrações, e viver um dia de cada vez.
Porque a SJS pode trazer algo novo a cada dia; o importante é reconhecer o que é novo e buscar ajuda imediata.
É fundamental conhecer este novo corpo, porque ele não é mais o mesmo, é um corpo fora de equilíbrio, e os desequilíbrios precisam ser identificados.
Ligue-se em si mesma, procure se sentir o mais confortável possível e se os amigos não lhe dão o conforto que você precisa, mude de amigos. Se o médico que lhe assiste não lhe ouve plenamente, mude de médico. Tire do seu ambiente qualquer estresse que você identifique. Relaxe. Quem lhe conheceu e lhe ama deve saber que você agora é você e SJS.
O estresse muitas vezes é inevitável mas também é um grande mal para a doença autoimune.
Eu trago para o meu quarto as coisinhas que amo, inúteis bonequinhos ou badulaques, as cores que me fazem bem, para criar uma energia minha, energia pessoal, e assim dormir um sono profundo e duradouro, grande auxílio para doenças autoimune.
Tenho tempos de crise, faz parte da minha vida, então recolho e espero com paciência, talvez pintando, talvez escrevendo, esperando a crise passar.
Mas vou contar; não é fácil não!
Ninguém merece dor crônica com picos de vez em quando. Levantar apesar da dor é uma guerra.
Sou guerreira! Sou guerreira a cada manhã ao mover os pés e as mãos, o corpo.
Sou guerreira durante o dia e a noite, me ocupo, brinco, subo e desço as escadas para o meu recanto, brinco, choro, assito filmes, converso.
Mas só me importo com quem reconhece minha guerra,  preciso do apoio deles, físico e emocional, o que quer que seja. Sou egoísta, não posso perder energia com quem não olha para mim.
É assim!
Quem não reconhece esta guerra fo....






quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O Velho Matreiro


Ora, que Velho matreiro,
de fraque de linho,
gravata borboleta
perfume francês!

Veio da pobreza,
Na pobreza morreu!

Mas este Velho matreiro
Enricou e foi rei,
Ford de Bigode
Banda de música
Ah!  Este cara sabia
o valor do seu ouro,
de como fazer a vida
p’ra sua gente querida,
dava p’ra um e p’ra outro,
sempre fazendo que um
nunca soubesse do outro.
Ah! Que Velho Matreiro!

Em casa nunca faltou
Nem um minuto atrasou.
Mas na rua ,se deleitou!
Valha-me Deus, 
Nossa Senhora!
Ora, mas faça o favor
Ele tinha bom humor!

Só sei que era bom
O danado do Velho Matreiro.

Nunca esquecia
a empadinha da janta,
Rodouro do Carnaval,
dinheiro do cinema,
chiclete rogado!

Oh! Velho manhoso,
Chefe de família pomposo,
Tão fácil sucumbia
aos babados de uma flor;

Pagava casa e comida
Até encontar outra flor.
Achando outro jardim
p’ra jogar a flor deixada.

Criou todos os filhos,
Sabia ser generoso.
No sábado via Chacrinha,
no domingo ia à Missa.

E outros passeios fazia
Ele apenas escondia!

Ah! Velho matreiro
Tão frágil no ocaso da vida!

Tocou minhas mãos com amor,
Chorou uma lágrima de dor
Dizendo não merecer
O doce nome de Vô.

Mas que Velho corajoso
desfez-se das vaidades,
deixou o orgulho pra trás.
Eu, admirada,
Velho bondoso!
Caí aos seus pés,
beijei-lhe as mãos.
Oh! Vovô, Meu Vovô Meu!
Pega meu abraço,
esquece os desmandos da vida!
Pecados? quem não os tem?
Pega meu beijo Vovô
Deixa os males p’ra trás
Deixa, Vovô querido,

Ainda resta viver em paz!

sábado, 1 de agosto de 2015

Aos Setenta


Eu conto os meses para chegar aos setenta anos! Idade linda, de muito respeito e muitas histórias.
Quero celebrar com muita festa, com direito a bolo, champagne e valsa!
Ainda dançando como os anos dourados.
Não haverá Sjögren que quebre minha história. Todo dia ele me ataca e eu lhe dou uma boa paulada na cabeça. Ele se recolhe para armar outro ataque. Mas nano haverá de me dobrar.
Não ligo para as rugas, elas contam minha vida. E nem mesmo ligo para as marcas que Sjögren criou no meu rosto. Estas marcas me tornam misteriosa, um lado do rosto é vida o outro meio acometido de marcas. Uma boa base e pó de arroz haverão de disfarçar.
Quero chegar aos setenta mesmo de bengala, sapatos ortopédicos, não importa.
Neste dia, o próximo 5 de maio, ainda falta tempo, quero acordar com os filhos e netas cantando parabéns tal como era na minha infância, quando a aniversariante fazia que estava dormindo e esperava ser acordada com uma fila dos outros cantando parabéns. A gente até decorava versinhos para acordar mamãe ou para acordar papai.
Quero a família e os amigos juntos. Não precisa ser uma festa de muita pompa, basta que estejamos todos celebrando.
Sjögren anda me atazanando, destruindo minhas unhas, besteira, eu usarei luvas e um vestido bem comprido para esconder meus pés.
Se ele pensa que vai tirar de mim a vontade de viver, ele está muito enganado. A Lua Azul bem que me contou, eu tenho amor no coração.
Os sonhos salvam!
Sei que antes mesmo dos setenta eu sou uma mulher de cristal. Tenho os ossos de cristal. Mas minha cristaleira está cheia de cristais todos inteirinhos. É só não cair na calçada. E se cair, fazer o que, consertar.
Conversei da minha torre com a Lua do céu e a Lua do mar, na noite da Lua Azul, mas não pedi asas para voar ao céu como Ismália,  e sim pés para fincar na terra.
Quero chegar aos setenta contando histórias para minhas netas, sonhando, amando, vivendo, mesmo que seja aos trancos e barrancos.
E não posso reclamar da minha vida porque vivi e muito e ainda quero viver e muito. Literalmente pintei e bordei.  Tenho muito para contar. Escreverei cartas para distribuir, será! Mas eu só sei escrever cartas de amor...
De dia brigo com meus diabinhos que me atentam. De noite sonho com os anjos! E vou vivendo, porque o tempo passa sem olhar para trás e não há de passar outra vez.
Faltam 10 Luas para chegar aos setenta.