quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Amor, amante.

O amor que quis vestida de Cinderela, 
tule de estrelas faiscantes, 
amor que despertou,
desabrochou em botão, 
abrindo suas pétalas,  
num misto de fantasia
fonte de oxigênio,
regado como rara orquídea, 
rumo e razão de existência, 
o amor puro, pleno, 
amor paixão, denso, sensual, 
as vezes devasso, 
sempre intenso; 
amor buscado, 
as vezes encontrado.

Eu,  a deusa do amor, prenha de vida, 
Deusa, porque o amor é mulher, 
uma mulher tão insensata! 

Feminina como a natureza, a Terra, Gaia, 
a vida, a morte, 
a fertilidade, a masculinidade. 

Deusa mulher, com peitos de leite, 
   ventre livre, talvez prenho
deusa mulher como a eternidade, a paixão, a inteligência, 
a crença, a fé, as flores, as cores, as dores, a saudade, a musa! 

O amor de paz, estado de espírito, conforto interno! 
O amor de paixão, de entrega!
 Amor, Amante!

Assim estive 
ou estou
e estarei
como nos braços de um anjo, 

para o amor amante imaculado!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A História de Doca

Canto em prosa e verso contos que quero contar,
Pois que alguns pediram no Zap-Zap histórias pra rememorar
Os meus segredos eu não conto, mas conto fatos e casos
Personagens que nem vi passar mas muito ouvi contar!
Os nomes não sei dar, mas este conto eu vou contar
porque para o livro dos Marques este conto deverá constar! 
É um  conto que me foi contado de fonte bem verdadeira 
que já ouviu de outra fonte 
que disse que viu o fato com os próprios olhos 
que um dia a terra há de comer!
Se o caso se passou assim,  assim como vou contar
Eu não sei!
Só sei que foi assim que ouvi, 
então foi assim que aconteceu!
Vou contar a história de Doca, 
uma mocinha moradora de uma vila num interior qualquer.
E como qualquer outra vila, tinha uma praça, 
uma rua de comércio, e um casario distribuído, 
entrando pelos matos onde a vila se alojava.
Doca, dona de rara beleza, prendada, de boa família
era a moça mais desejada dos mocinhos que ali moravam.
Mas Doca passeava na praça, 
olhava p’ra um e p’ra outro 
e não se agradava de nenhum,
certa que um dia encontraria um moço com mais vigor,
que lhe desse os desejos, vestidos e badulaques 
quem sabe até umas jóias.
E Doca esperava, esperava por este moço 
que um dia haveria de chegar!
E o dia, que começou como qualquer dia, 
surgiu na vila um cavalheiro muito elegante, 
com muita pompade nome esquisito, Seu Rufino, 
vindo da capital,  
mais velho, comerciante, um pouco barrigudo,  
um bigode de pontas finas,  
o cabelo de brilhantina.
Logo o sujeito viu Doca passeando brejeira
E na hora decidiu que era uma moça casamenteira .
E assim foi!
Casamento com festança 
a vila toda compareceu 
comida, bebida e muita dança.
Doca estava agora casada, 
morando numa linda casa  um pouco mais para o mato 
saindo só de carroça p’ra na Vila passear.
Primeiro Seu Rufino aos domingos 
deixava a Doca a passear com as amigas da praça  
desfilando sua beleza.
Logo Seu Rufino com ciúmes,
olhando os olhares dos outros, 
ordenou que Doca nunca mais iria à praça assim sozinha: 
  “Só de braço com ele”.
E assim se fez.
Mas, Seu Rufino percebeu que, 
mesmo ao lado dele,
a Doca era olhada e viu inveja nos olhos dos moços.
Seu Rufino bufou. 
     "A Doca era sua, só sua!"
Gritou e gritou com a pobre Doca,
e trancou de corrente e cadeado
todas as boas roupas de Doca
para que ela andasse 
assim, como uma marmota.
Mas mesmo marmota Doca continuava linda
e os olhares continuavam!
Seu Rufino bufava e bufava.
Duas vezes bufava!
Até que Seu Rufino se arretou, 
com a besta na barriga, levou Doca pelos braços...
Prendeu a linda Doca na casa, 
cadeados na porta e no portão! 
cadeados nas janelas!
E Doca coitada, passava o dia trancada  
sem seus batons, sem seus vestidos,
olhando-se desgostosa no grande espelho da casa.
Alegria só quando Seu Rufino resolvia convidar, aqui, acolá
uns amigos para almoçar as delícias  que ela na cozinha, 
preparava com mãos de fada.
Um ou outro convidado arriscando uma olhada
para a linda Doca na cozinha.
E num domingo qualquer
Seu Rufino convidou amigos
para uma buchada bem farta
    de bode, é claro 
regada de muita cachaça.
Seu Rufino e os amigos comeram,
 beberam,  
se fartaram até que  os amigos, 
quase caídos de muita cachaça.         
se foram, deixando Doca e seu marido        
sozinhos na triste cozinha.
Mas Seu Rufino continuou, 
tomou mais uma birita,
comeu mais uma tripa!
E, epa, de repente aconteceu:  
para o susto de Doca,
Seu Rufino, gordo como um porco
deu um arroto bem forte
e caiu no chão como um saco, morto!
Mas morto, mortinho mesmo.
Doca gritou e gritou tanto
que os amigos ouviram e voltaram e se assustaram
O pobre Seu Rufino esparramado
E o Doutor disse;
"Está morto, mortinho mesmo..."
Doca chorava, chorava, vestiu-se de preto,
enquanto os amigos cuidaram do morto, 
e, como era domingo, a funerária fechada,
botaram o morto estirado na mesa,
vestido de paletó e gravata,
enorme na sua morte morrida tão de repente.
Doca sentou-se ao lado chorando, chorando...
E quando a noite chegou, a viúva desesperada
chamou os amigos e, muito chorosa, pediu
que todos fossem p’ra casa 
"eu preciso ficar só eu e meu querido marido,        
    minha última noite" dizia chorando.        
      "ele está morto, mortinho mesmo 
     eu preciso ficar com ele quero me despedir dele, 
que está tão morto, mortinho mesmo!!"
Os amigos aceitaram e foram p’ras suas casas
deixando a viúva sozinha, 
afinal era um último  pedido.
Mas, dois ou três deles,
com medo de que Doca que tanto chorava 
fizesse uma besteira ,
ou porque eram mesmo uns bisbilhoteiros,
esconderam-se no jardim para espiar, 
espiar!
Espiaram e viram tudinho,
         tudinho mesmo;
Primeiro Doca procurou  as chaves  
de todos os cadeados.
Abriu seus baus e gavetas
Tirou o vestido preto,
Tomou um banho demorado, 
banhando-se em água de cheiro,
vestiu-se como para um baile mais 
inda do que nunca!
Muitas velas acendeu na mesa do Seu Rufino.
Depois trouxe as correntes e cadeados, 
amarrou os pés do morto,  
      bem juntinhos,       
passando o cadeado pelas correntes
depois escondendo as corrente  por baixo das calças.
Feito isso, jogou os cadeados nos bolsos das roupas do morto
e ainda arranjou mais correntes que arrumou 
dentro das roupas do morto que estava tão morto.
P’ra que Seu Rufino, pesasse e pesasse, 
como boi, morto, mortinho mesmo!
Satisfeita Doca sacudiu as saias 
abanou-se com seu leque,  
tomou -se de pose  e parou na frente do morto!
Apontou-lhe o dedo e começou sua despedida: 
"Estais morto, desgraçado, 
    morto, mortinho mesmo! 
E vai aqui minha despedida! 
    Seu cabra safado! Tu te lembras dos teus cadeados? 
      Leva-os contigo para terra que te vai comer! 
      Nunca mais vais me trancar! 
    Estais aí morto, mortinho mesmo, 
         E eu???   
estou bem aliviada, estou bem aliviada, estou bem aliviada.."
Doca dançava, requebrando os quadris,  
gozando na sua beleza  
do morto ali deitado pesado como um boi.
E Doca continuava: 
   "Tu morreste e eu te acorrentei as pernas 
     Tu vais queimar amarrado! E eu???  
     estou bem aliviada, 
               estou bem aliviada, estou bem aliviada..."
"Lembras de como me tratavas?Lembras das vezes que me batestes?
Estais morto, mortinho mesmo!
    E eu???  
     estou bem aliviada, estou bem aliviada, estou bem aliviada"
"Gordo sujo,
   Vai arrotar debaixo da terra!
 E eu???  
      estou bem aliviada,
          estou bem aliviada, 
          estou bem aliviada..."
Dizem que Doca dançou e se refestelou livre, 
aliviada,  viuva,  alegre, dançou por toda a noite!
E ao amanhecer, ela abriu as portas vestida de negro, 
o rosto coberto com um véu olhos fundos, nariz de choro.
Uma triste viúva acompanhando o velório, ... chorando...
E chorando enterrou o morto que estava muito morto mesmo.
Dias depois Doca desapareceu da vila.
Dizem por aí que a mesma se encantou livre, 
      daçando e cantando
atrás de um grupo de teatro mambembe.
E assim terminou a história de Doca
porque o que aconteceu depois
ninguem mais sabe!!!!
Nem me contaram!!!!












terça-feira, 1 de setembro de 2015

Acordando na nova Torre

Saí da minha nova Torre, deixando pra trás minhas músicas pra me abrigar noutra torre diante do mar, junto da minha irmã querida Ana Lucia.
Música nesta Torre não é problema porque a música mora aqui e daqui se espalha pela cidade, Estado, Brasil e o resto do mundo.
Não é por corujice não, mas aqui a música reina, mas quem reina a música é a rainha desta Torre, Ana Lucia, ou talvez, sejam outras damas...
O dia começou delicioso, um fresquinho me acarinhando aos primeiros passos do sol; em sonho tinha nas mãos um
lindo cachorrinho e neste sonho eu alisava seus pelos macios. Com o acordar lento, esta maciez em meus dedos passou a ser mais áspera enquanto no rosto senti o início de um beijo quente com um bafo diferente. A bela Olívia,  carinhosamente me acordava cheirando, rosto com rosto, enquanto que a cena era completada pela companheira da bela Olívia, a querida Zeena, carinhosa mais um tanto desastrada, já querendo compartilhar a cama comigo, o peso das suas patas  me tirando do sono de forma mais rápida. 
Sim, eu sei que nem todos vocês sabem quem são as garotas Olívia e Zeena.
Antes que me perguntem, que sei perguntarão gentilmente, por certo já  quero evitar tamanha falta de jeito
dizer que não sabem quem são Olívia e Zeena;
Pois que cachorras são
cachorras de muito estilo
estilo assim de madame
que cachorras não podem ter
mas estas duas cachorras
só são chamadas cachorras 
por falta de outros termos
pra falar de tanta nobreza
de quem as visitas recebem
com saltos de boas-vinda
lambendo com todo respeito.
Vindas de alta linhagem
tratadas como merecem
as duas cachorras 
duas madames,
mostram de fato o que são
pois quem de fato manda
não é patrão nem patroa,
mas sim a mais atrevida
das cachorras estilosas
Zeena com toda certeza
Manda e desmanda na cama
Dona que é por direito,
Adquirido no jeitinho
que só as cachorras tem
Vão aos poucos assumindo
Com astúcia bem pensada
O comando da casa
Fingindo que obedecem
Fazem o que bem entendem
Abanando o rabinho
Vão assim enrolando
Lambendo e brincando
Posso assim resumir
As duas fagueiras madames
 Olívia e Zeena Altino Garcia.
Depois de assim apresentadas mostro as citadas damas,  pois se contei o fato preciso mostrar de fato.