terça-feira, 25 de agosto de 2015

Inquietação

Como é linda a natureza que se adequa a mudanças drásticas dos mais vários tipos.
Como é forte a natureza humana que se adequa às mudanças, sejam mudanças no estilo de vida, mudanças físicas, mudanças emocionais.
Não diria que esta força e capacidade de adequação é fácil  porque se eu achasse fácil não falava em força.
São tantas as voltas que girei na minha vida, por vontade própria ou impostas por fatores externos.
Acho que vivi demais e muito apaixonadamente a cada momento fosse um momento de alegria ou um momento de dor.
A infância feliz ceifada aos 11 anos, naquele momento tormentoso, penso que nele minha alminha de criança se transformou e toda a minha vida mudou de rumo.
Foi apenas a primeira grande mudança que exigiu intenso esforço emocional para minha adequação à nova vida.
Lembro que na adolescência meu mundo se pousou na convivência quase diária com os primos.
Era um tempo em que os menores podiam ficar brincando nas ruas, não havia violência, os adultos olhavam vez por outra, não havia psicologia infantil, eu me senti dona do meu nariz, jogando futebol de goleira, férias inesquecíveis nas praias e na rua em que morava onde os primos se reuniam.
Os primos da minha geração foram o suporte do meu desalento.
Foi um estágio muito importante na minha vida, quando descobri esta minha alma inquieta e
apaixonada, ali nasceu minha nova alma, expansiva, alegre, aventureira, mas escondendo sentimentos numa caixa fechada sem portas.
Acho que amei tanto, com tanta paixão, que as vezes pensava que não tinha mais paixão para amar.
Engano tolo, sempre há paixão para se apaixonar, sempre há mais um objetivo, mais um desejo, mais um amor, e sempre lá estava minha alma calmamente entregue a mais uma paixão, coisa que até hoje é o que me faz viver.
É isto. Tenho uma alma assim inquieta, apaixonada,  que não se cala por nada e sempre cutuca meu coração, minha mente e enfia em mim mais um motivo para estar apaixonada.
Mesmo este blog tem paixão, as vezes não declarada, as vezes descaradamente declarada, ou se esta paixão ainda não pareceu ser tão forte é porque não estou explorando muito o blog prosa e verso.
Entreguei paixão aos meus trabalhos, aos meus amores, a minha família, fui movida por esta inquietação, e ainda hoje, quase aos setenta, só este fervor esquenta a esperança e me dá forças para a nova mudança que se estabeleceu a minha vida.
Enquanto a razão física não me abandonar, meu coração, com ou sem razão, estará ativo criando paixões no meu pequeno e imenso mundo em que tranco minhas lembranças.
Eu desnudo minha alma nos meus versos, nos contos que ainda não foram publicados, mas escrever sempre foi para mim uma grande paixão, a qualquer momento, a qualquer sentimento.
Quando não for mais capaz de me apaixonar, eu perderei a esperança e entregarei a alma inquieta ao infinito desconhecido.




Nenhum comentário: