quinta-feira, 23 de julho de 2015

Viver


Eu vivo, apesar de todas as pedras que enfrentei.
Vivo, vivi  e viverei sempre até que a morte me separe da vida.
Fui tocada por ter recebido uma mensagem com o poema "O valioso tempo dos maduros", de Mário de Andrade.
"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver ... tenho muito mais passado do que futuro!"
Eu tambem tenho muito mais passado do que futuro, mas, olhando para o meu passado, vejo que vivi muito bem, não desperdicei um minuto da minha vida, nem nos momentos mais complexos ou os mais simples, eu vivi, porque só tendo vivido o que vivi sou hoje o que eu acho que sou.
Não digo que devia ter ido mais ao cinema, ou ter tido menos trabalho, ou ter amado mais, ou ter deixado de fazer mais qualquer coisa.
Porque acho que tudo o que fiz e vivi foi com o sentimento como alavanca, dando o máximo que eu poderia dar, na dor, na alegria, no trabalho, no amor.
Tive uma vida plena de satisfações e recompensas e até o momento presente ainda penso que estou fazendo o meu melhor.
Afinal cada ruga embeleza meu passado, significa que vivi.
Minhas mãos estão menos ágeis, porque muito as usei e usarei até que o último dedinho não possa dedilhar.
Meu coração pode tropeçar na batida, mas continua tão jovem e pleno de amor como nos meus mais tenros tempos.
Amar não se perde no tempo, ao contrário, ganha forças,  a força dos amores, das paixões, da natureza, do simples fato de ver minha plantinha abrindo suas flores para mim.
Tem amor na trsiteza, no luto, na solidão; amor de mãe, de avó, de irmãs, primos, amigos, o amor nunca se esgota.
Vivi muito sim e por isso tenho muitas histórias para contar; trabalhei muito com muito prazer e os dissabores do dia a dia não fizeram sombra sobre os resultados.
Fiz erros e acertos, tive raiva, tive amor, tive emoção, paixão, sempre.
Tenho muito mais passado do que futuro, mas isto não importa. Importa o tempo presente, o bolso carregado de boas lembranças, a noite cheia de sonhos; eu sonho por isso eu sou.
O futuro se faz a cada minuto, a cada dia, não vale especular.
E digo que vivo e não que sobrevivo: meus pés me acordam doendo, estou viva, tenho pés; minhas pernas sofrem mas eu ando e nunca, nunca  vou abrir mão dos meus sonhos.
Não tenho remorsos, só sinto paz que se sobrepõe a qualquer sentimento.
As vezes minhas poesias refletem tristeza, outras refletem solidão, nas entrelinhas sempre a paixão.
As tristezas se desfazem no tempo e se transformam em boas memórias; a solidão é um mero estado de espírito, ajuda a entrar mais fundo no próprio coração; as paixões, ah! as paixões são eternas enquanto sou.


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