domingo, 24 de abril de 2016

Velho Matreiro


Ora, que Velho matreiro,
de fraque de linho,
gravata borboleta
perfume francês!

Veio da pobreza,

Na pobreza morreu!

Mas este Velho matreiro
Enricou e foi rei,
Ford de Bigode
Banda de música
Ah! Este cara sabia
o valor do seu ouro,
de como fazer a vida
p’ra sua gente querida,
dava p’ra um e p’ra outro,
sempre fazendo que um
nunca soubesse do outro.
Ah! Que Velho matreiro!

Em casa nunca faltou
Nem um minuto atrasou.
Mas na rua ,se deleitou!
Valha-me Deus,
Nossa Senhora!
Ora, mas faça o favor
Ele tinha bom humor!


Só sei que era bom
O danado do Velho Matreiro.
Nunca esquecia
a empadinha da janta,
rodouro do Carnaval,
dinheiro do cinema,
chiclete rogado!


Oh! Velho manhoso,
Chefe de família pomposo,
Tão fácil sucumbia
aos babados de uma flor;
Pagava casa e comid
Até encontar outra flor.
Achando outro jardim
p’ra jogar a flor deixada.

Criou todos os filhos,
Sabia ser generoso.
No sábado via Chacrinha,
no domingo ia à Missa.
E outros passeios fazia
Ele apenas escondia!

Ah! Velho matreiro
Tão frágil no ocaso da vida!
Tocou minhas mãos com amor,
Chorou uma lágrima de dor
Dizendo não merecer
O doce nome de Vô.

Mas que Velho corajoso
desfez-se das vaidades,
deixou o orgulho pra trás.
Eu, admirada,
Velho bondoso!
Caí aos seus pés,
beijei-lhe as mãos.

Oh! Vovô, Meu Vovô Meu!

Pega meu abraço,
esquece os desmandos da vida!
Pecados? quem não os tem?
Pega meu beijo Vovô
Deixa os males p’ra trás
Deixa, Vovô querido,

Ainda resta viver em paz!

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