domingo, 10 de abril de 2016

Ai de mim!

Ai de mim que não encontro sossego,
Paixão, oscilação entre a completa ventura
e a mais torturante saudade,
Já não me basta o tanto que fiz,
ou que não fiz foi maior do que o feito!
Busco atordoada prender a paz dentro de mim
e ela se nega a ser contida
no meu corpo tão pequeno e estreito
e a paz é tão ampla e tão completa que não lhe basto!
As vezes sou tão rotina, tão comum, 
que nem mesmo eu noto como sou amorfa
É como viver sem ar, é como ser flor que não floresce, 
ou uma lágrima sem rosto.
E assim perdida, sacudida, a vida é nua e crua,
o tempo decide, surpreende
Cada dia um presente, surpreende
A velhice liberta, tudo pode acontecer
E eu deixo o mundo de lado, me deixo pensar,
olhando o céu, olhando o mar,
a vida, o que sou nessa hora?
Sou tudo, sou o mundo, a estrela, o sol, a lua,
o mar, o frio, o sonho,
sou o que minha alma pede.
Sou uma valsa dançando num salão de festas
rodopiando nos braços de um par
não importa!
Sou uma mulher oferecida, abraçada, beijada!
isto importa!
Ai de mim que não encontro sossego
E a paz que tanto busco talvez volte de mansinho
               qualquer dia de repente
Pego nas minhas mãos 
os suplícios do amor
Entrego à minha alma:
“toma coração, guarda contigo este amor
e deixa-me em paz por favor”
E assim no silêncio e no escuro, 
na longa noite mal dormida
ouço o suave cantar
uma canção de ninar
um pássaro na minha janela
veio ao meu lado se deitar.

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