Bolo Fofo

É indescritível o apego que se tem a uma criatura peluda, que dá trabalho, as vezes nem é bonita,  e, apesar de tudo, é tão sensível, companheiro, amoroso, fiel, adorável, enfim, tão cachorro.
Meu querido Bolofofo, 13 anos, está internado. Teve um ataque cardíaco e reseirava com o som terrível porque queria ar, sentia dor e gritava.
Levamos para o hospital, eu e minha filha, e lá está ele internado, estábiliazado, talvez voltando amanhã para casa.
Visitamos ele duas vezes por dia. Hoje ele estava um tanto indiferente, de olhinho apagado, fazendo ultra-som do abdomen, entregue. Creio que pouco me reconheceu com um olhar indecifrável.
Meus outros tão cachorros, Lili e NegaFlor, estão impacientes, nervosos, procurando pela casa inteira e doce Bolofofo que é tão fotinho mesmo.
Vi no hospital tantos outros donos com lágrimas nos olhos agradando de mansinho seu cãozinho adormecido, outros operados, uns chorando, outros desacordados. Quem ama seus animais compreende este choro.

É difícil ver este lindo cabeludo assim doente.

Eu me desapego de muitas coisas materiais  e até de outras emocionais, desapego do que ou de quem por alguma razão qualquer não está me fazendo bem, mas desta criatura inocente e seu outros irmãos vai ser difícil.

Vou torcer para trazerele de volta para mais uns dias comigo.

Me desapegando de móveis, cristais, badulaques e um bocado de coisas lindas, agora fúteis para mim, e isto não me dói no coração.

Dói desapegar dos meus cachorros, todos já tão velhinhos, nascidos e crescidos junto de mim.

A vida machuca nem sempre é fácil.